No Brasil é muito difícil explicar o que é a “liberdade de expressão”, por Maria Rita

O comediante Bill Maher tem um programa diário de late show. Parecido com o do Danilo Gentili. Certa vez, ele resolveu dizer que tinha evidências de que Donald Trump havia descendência de orangotangos. A “teoria” do comediamente era que um animal teria tido relações sexuais com a mãe de Trump. Vamos concordar que é uma piada tão pesada quanto contra Maria do Rosário?

Bill Maher foi adiante: disse que doaria US$5 milhões a alguma instituição de caridade, desde que Donald Trump provasse que não é filho de um orangotango. Sabe o que Trump fez? Trump apresentou sua certidão de nascimento para o público e provou que, de fato, é filho de humanos.

Trump sabia que não adiantaria processar o humorista por dizer que ele é filho de fruto de um relacionamento sexual de humano com orangotango. A primeira emenda (a da Liberdade de Expressão) garante ao comediante e a qualquer um o direito de esculachar, sacanear, ofender qualquer pessoa, incluindo o Presidente.

Ele não está processando Maher por calúnia ou difamação e, sim, por “quebra de contrato”. No dia seguinte ao show de Jay Leno, o advogado de Trump enviou uma carta a Maher, aceitando formalmente a oferta que fizera, anexando uma certidão de nascimento de Trump, que comprovava que ele era filho de Fred Trump – e não de um orangotango. E exigindo o pagamento prometido de US$ 5 milhões.

É assim que funciona em sociedades maduras. Aqui, Maria do Rosário usou o aparato da Câmara para calar um comediante. É um comediante ruim e ofensivo? Na minha opinião sim, pode ser, mas é um COMEDIANTE.

Por Maria Rita