Política
Samuel Costa: Adversários comuns à direita demandam estratégias unificadas à esquerda
Com a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, a direita brasileira orgânica, adormecida em função dos avanços da pauta progressista até então hegemônica no Brasil e em alguns países do continente, pode aflorar e colocar suas ideias diante da sociedade. No entanto, não foi apenas a direita clássica, defensora do mercado, da privatização, da mitigação de direitos, da redução do tamanho do Estado, liberal, que veio à tona.
Explodiu também uma direita raivosa, conservadora, refratária às minorias, arraigada aos costumes tradicionais e com forte vínculos às igrejas evangélicas. A combinação destes dois movimentos – mais a reação do campo progressista, potencializada pela prisão do ex-presidente Lula – resultou na polarização que agora orienta o debate nacional.
É nesse ambiente que vão ocorrer as eleições municipais deste ano. Mesmo que não haja uma convergência automática entre o partido que governa o País e os demais partidos, todos defendem a mesma pauta conservadora (governar para poucos, reproduzir práticas políticas excludentes, priorizar bairros ricos, ignorar a periferia, beneficiar grupos de seu interesse, etc).
Ora, se nós do campo progressista já identificamos quem somos e como agem e pensam os nossos adversários, vamos nos manter divididos para enfrentá-los?
Nós, dos partidos do campo progressista, temos a primazia nas políticas inclusivas, na defesa das minorias, no respeitos aos servidores públicos, na valorização da periferias e seus moradores, na participação dos jovens, no fortalecimento das empresas públicas e na promoção do exercício da cidadania.
Portanto, oferecer isso à população em conjunto e unidos parece ser a forma mais racional de se contrapor as forças conservadoras que se colocarão para a disputa em outubro.
Sem isso, a defesa dos mais pobres e das minorias é quase impossível.
Samuel Costa é jornalista, professor é pré candidato a prefeito de Porto Velho nas eleições 2020 pelo PCdoB.