COP 28: ApexBrasil participa de painel do Pacto Global para debater transição climática na Amazônia

Em paralelo à programação da COP 28, o Pacto Global da ONU no Brasil organizou uma agenda exclusiva para dar visibilidade às iniciativas promovidas no país. No dia 8 de dezembro, o evento reuniu um público de mais de 300 participantes, entre altas lideranças nacionais e internacionais dos setores público e privado, para debater a agenda de descarbonização, justiça climática e ‘finanças verdes’. 

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, foi convidado para ser o keynote Speaker do painel “Finanças Sustentáveis para a Economia de Baixo Carbono e Combate ao Desmatamento na Amazônia”. Em sua fala, ele enfatizou a necessidade de uma política eficaz para preservar a floresta, que leve em conta a diversidade cultural e étnica da região e contribua para mudar a imagem internacional do Brasil. 

Um dos destaques do painel foi a ideia de transição justa, de que trabalhadores e comunidades devem estar integrados na transição para novas indústrias e empregos sustentáveis. Em termos de riquezas naturais, a região amazônica detém 20% da água doce, 40% das florestas tropicais e 25% da biodiversidade terrestre do planeta. Simultaneamente, contudo, mais de 70% dos 30 milhões de habitantes vivem em áreas urbanas e quase 45% abaixo da linha da pobreza, com baixo acesso a água e saneamento.

Nesse contexto, Viana ressaltou necessidade de desenvolver uma economia que promova o uso sustentável dos recursos amazônicos, beneficiando a população local. “Tem muita pobreza em uma das regiões mais ricas do planeta. O modelo que temos hoje na Amazônia resultou em três problemas: ambiental, com muita destruição; econômico, sem sustentação; e social, com o flagelo humano. É isso que temos de desafios na Amazônia: cidades insustentáveis, populações que ficam entre os piores IDHs do Brasil”, adicionou.

Para mudar essa realidade a ApexBrasil tem trabalhado com o potencial de exportação dos produtos amazônicos, com o objetivo de agregar valor às cadeias produtivas da região. “As prefeituras reproduzem modelos que vêm de fora, em vez de tentar criar um modelo genuíno, local, que possa ser uma referência para fora. É o que nós estávamos fazendo”, explicou o presidente da Agência.

Produtos da Amazônia para o mundo

A Amazônia é um dos maiores ativos naturais do Brasil e do mundo. Além de abrigar uma rica biodiversidade, a floresta é fundamental para garantir que o Brasil atinja a neutralidade climática, em cumprimento às metas estabelecidas no Acordo de Paris. A conservação do bioma depende, contudo, da valorização econômica dos produtos compatíveis com a floresta. Por isso, a ApexBrasil vem desenvolvendo diversas ações, como o Programa Exporta Mais Amazônia, para estimular a exportação dessas cadeias produtivas.

Os produtos compatíveis com a floresta Amazônica, como cacau, pimenta-do-reino, açaí e castanha do Brasil, representam um mercado de cerca de US$ 200 bilhões no mundo. No entanto, apesar de abrigar 30% das florestas tropicais do planeta, a região Norte do Brasil contribui com menos de 0,2% das exportações globais desses bens.

“Nós estamos trabalhando, desde a pandemia, no Amazônia 2030 e agora também na ApexBrasil, com um modelo que pesquisadores chamaram de ‘produtos compatíveis com a floresta’. Nós temos 64 produtos compatíveis com a floresta que poderiam fazer a economia da Amazônia avançar. Estou falando de castanha, borracha, açaí, artesanato, pimenta do reino, cupuaçu. São 64 produtos com os quais toda a região verde do mundo que tem floresta tropical trabalha”, detalhou Jorge Viana. 

Segundo estudo desenvolvido pelo Amazônia 2030, entre 2017 e 2019, esses 64 produtos geraram uma receita anual de US$ 298 milhões para o Brasil. Apesar de parecer um valor parece considerável, que remunera atividades compatíveis com a floresta, esse montante é apenas uma pequena fatia do total global movimentado por esses produtos, que chega a US$ 176,6 bilhões por ano. 

Fonte: Apex